sexta-feira, 3 de maio de 2013

De como o Tricolor não des-partiu meu coração.

No estádio Cícero Pompeu de Toledo, vulgo Morumbi, há (ou havia) pelo menos duas cadeiras cativas com nome de Eliezer. Correspondiam a Armando Pai e Armando Filho; acredito que o objetivo do pai fosse mesmo que o São Paulo Futebol Clube fosse acompanhado pela família através das gerações. Com alguma sorte, daqui a pouco levaremos a quarta geração ao campo, deixa só Ninoca completar uns três aninhos a mais. E talvez nas arquibancadas, já que Armando Filho enjoou da burocracia tricolor, cheia de dedos com as tais cadeiras especiais. 

Confesso que, antes de subir às arquibancadas do setor azul (que são vermelhas, num desses paradoxos tricolores), ontem, cantei vitória antes do tempo. Mentalmente, porém cantei. Formulei na minha cabecinha morena e verborrágica todo um texto explicando de como uma partida de futebol pode (ajudar a) curar um coração partido. Adoro futebol. Adoro quando, depois de caminhar pelas laterais do estádio e escolher por onde vou entrar, o gramado iluminado se descortina aos poucos, na medida em que me aproximo do acesso às cadeiras. Adoro ser mais uma na multidão pretobrancovermelha. Tinha certeza, cá dentro, que após duas semanas cansativas e que mais pareceram dois meses, de espera e de angústia que culminaram num coraçãozinho sobre o qual alguém dançou sapateado, o Morumbi lotado (não tinha mais ingresso de arquibancada pra vender!) me acalentaria.

Palavras, palavras. Todas dentro da minha cabeça. Um texto que não vai ser redigido; uma carta que foi escrita mas não será enviada. Lúcio, não parta meu coração (de novo). Ganso, desça a serra de volta, não te quero mais. A torcida não vibrou, não acreditou, não acalentou. O problema, porém, foram vocês, e não nós. Faltou coragem. Faltou verdade. O que é um relacionamento sem coragem e sem verdade, além de algumas palavrinhas escritas ao sabor do momento, e ao bel prazer da tecla delete? Como proceder quando há algo errado não aqui, mas aí? Te dei amor, Tricolor. Cadê você, que não responde?

Existe volta, além do jogo de volta?

Um comentário:

  1. Ninoca vai sim ao Itaquerão, a ser a quinta geração da família Fomm a gritar VAI CORINTHIANS

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